Barack Obama seguirá ignorando "nova agenda" latino-americana em 2º mandato
Para analistas, oportunidades de maior cooperação com a região "não têm sido perseguidas com muito afinco" pelos EUA.
O governo do presidente Barack Obama pode ter colocado as relações entre os Estados Unidos e a América Latina em termos mais cordiais que durante o período de seu predecessor republicano. Em um segundo mandato, no entanto, ele deve seguir ignorando a "nova agenda" diplomática que a região tem a oferecer.
"A nova agenda seria trabalhar mais de perto em temas globais como energia, mudança climática, comércio e investimento", disse à BBC Brasil o presidente do Interamerican Dialogue, entidade para temas hemisféricos com sede em Washington, Michael Shifter.
"Mas é muito difícil avançar nesses temas sem abordar os que ficaram tanto tempo sem resolver, como Cuba, as drogas e imigração."
Para Shifter, "a América Latina desempenha hoje um papel muito mais importante em temas globais e faria sentido ter mais cooperação com os EUA em uma agenda de alcance global". Por isso, ele lamenta que existam oportunidades "que não têm sido perseguidas com muito afinco pelo governo Obama".
Relação "minguante"
A percepção do especialista é uma visão comum entre analistas das relações políticas entre EUA e América Latina.
A plataforma de política externa do governo Obama até menciona parcerias com a América Latina nas áreas de crescimento econômico, redução da desigualdade, energia e mudança climática.
Os democratas chegaram inclusive a criticar o governo republicano de George W. Bush por não dar a devida à atenção aos vizinhos. Quatro anos mais tarde, eles são alvo das mesmas críticas.
É o que o presidente emérito do Interamerican Dialogue, Peter Hakim - um longo entusiasta da relação hemisférica - descreve como "a incrível visão minguante de Washington", em artigo recente para a revista Política Exterior, editada em Madri.
"Era de se esperar que os avanços admiráveis da América Latina nos últimos anos - seu desempenho econômico robusto, os avanços sociais, uma classe média em rápida expansão e a estabilidade de políticas democráticas na maioria dos países - fizessem da região um aliado mais forte e um sócio para os EUA", escreve Hakim.
"Em vez disso, os avanços foram acompanhados de uma separação maior. O distanciamento se deve em parte ao recente revés econômico dos EUA, sua política fraturada e suas políticas inflexíveis. A situação também reflete o sucesso latino-americano, que tornou a região mais independente e assertiva, e aumentou a diversidade de suas relacionamentos internacionais."
Brasil
A descrição do especialista se aplica muito bem ao Brasil, com quem analistas creem que a relação dos EUA melhorou desde o fim do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mais pragmática, a presidente Dilma Rousseff tem ressaltado a agenda bilateral positiva, focada mais em questões de inovação, intercâmbios culturais e comércio de alto valor agregado.
Entretanto, também é comum a opinião de analistas - como a especialista da Iniciativa para a América Latina do Instituto Brookings, Diana Negroponte - que acham que o Brasil, que hoje tem parcerias muito mais robustas com a China, a África e mesmo os vizinhos latino-americanos, "não precisa mais dos EUA".
"A era da hegemonia se acabou", disse Negroponte à BBC Brasil. Michael Shifter acredita que "seria um erro enfatizar demais a proximidade do relacionamento" entre os dois países.
"Brasil e EUA convivem bem e certamente houve uma grande melhora com Dilma desde o fim do governo Lula. Mas ainda estamos longe de qualquer coisa parecida com uma parceria estratégica", avalia. "Há visões muito diferentes em temas regionais e globais."
Cordiais, mas distantes
As pesquisas de opinião indicam que, pessoalmente, Obama é visto com simpatia entre os colegas latino-americanos e pelas populações destes países.
Entretanto, como o ex-presidente Bush, o mandato de Obama olhou menos para a região e mais para as guerras no Iraque e no Afeganistão, a questão nuclear iraniana e a luta contra organizações extremistas na Península Arábica e na Ásia.
Shifter crê que os temas latino-americanos requereriam de Obama ainda mais "capital político que ele não está disposto a investir". Parte deste capital político foi gasto no início do mandato, quando Obama anunciou medidas para facilitar o envio de dinheiro para Cuba.
"Mas não estou seguro que Obama vá ser muito ousado e arriscado em relação a Cuba. Aprendemos que ele é bastante cuidadoso e não vai correr grandes riscos", crê o especialista.
"A nova agenda seria trabalhar mais de perto em temas globais como energia, mudança climática, comércio e investimento", disse à BBC Brasil o presidente do Interamerican Dialogue, entidade para temas hemisféricos com sede em Washington, Michael Shifter.
"Mas é muito difícil avançar nesses temas sem abordar os que ficaram tanto tempo sem resolver, como Cuba, as drogas e imigração."
Para Shifter, "a América Latina desempenha hoje um papel muito mais importante em temas globais e faria sentido ter mais cooperação com os EUA em uma agenda de alcance global". Por isso, ele lamenta que existam oportunidades "que não têm sido perseguidas com muito afinco pelo governo Obama".
Relação "minguante"
A percepção do especialista é uma visão comum entre analistas das relações políticas entre EUA e América Latina.
A plataforma de política externa do governo Obama até menciona parcerias com a América Latina nas áreas de crescimento econômico, redução da desigualdade, energia e mudança climática.
Os democratas chegaram inclusive a criticar o governo republicano de George W. Bush por não dar a devida à atenção aos vizinhos. Quatro anos mais tarde, eles são alvo das mesmas críticas.
É o que o presidente emérito do Interamerican Dialogue, Peter Hakim - um longo entusiasta da relação hemisférica - descreve como "a incrível visão minguante de Washington", em artigo recente para a revista Política Exterior, editada em Madri.
"Era de se esperar que os avanços admiráveis da América Latina nos últimos anos - seu desempenho econômico robusto, os avanços sociais, uma classe média em rápida expansão e a estabilidade de políticas democráticas na maioria dos países - fizessem da região um aliado mais forte e um sócio para os EUA", escreve Hakim.
"Em vez disso, os avanços foram acompanhados de uma separação maior. O distanciamento se deve em parte ao recente revés econômico dos EUA, sua política fraturada e suas políticas inflexíveis. A situação também reflete o sucesso latino-americano, que tornou a região mais independente e assertiva, e aumentou a diversidade de suas relacionamentos internacionais."
Brasil
A descrição do especialista se aplica muito bem ao Brasil, com quem analistas creem que a relação dos EUA melhorou desde o fim do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mais pragmática, a presidente Dilma Rousseff tem ressaltado a agenda bilateral positiva, focada mais em questões de inovação, intercâmbios culturais e comércio de alto valor agregado.
Entretanto, também é comum a opinião de analistas - como a especialista da Iniciativa para a América Latina do Instituto Brookings, Diana Negroponte - que acham que o Brasil, que hoje tem parcerias muito mais robustas com a China, a África e mesmo os vizinhos latino-americanos, "não precisa mais dos EUA".
"A era da hegemonia se acabou", disse Negroponte à BBC Brasil. Michael Shifter acredita que "seria um erro enfatizar demais a proximidade do relacionamento" entre os dois países.
"Brasil e EUA convivem bem e certamente houve uma grande melhora com Dilma desde o fim do governo Lula. Mas ainda estamos longe de qualquer coisa parecida com uma parceria estratégica", avalia. "Há visões muito diferentes em temas regionais e globais."
Cordiais, mas distantes
As pesquisas de opinião indicam que, pessoalmente, Obama é visto com simpatia entre os colegas latino-americanos e pelas populações destes países.
Entretanto, como o ex-presidente Bush, o mandato de Obama olhou menos para a região e mais para as guerras no Iraque e no Afeganistão, a questão nuclear iraniana e a luta contra organizações extremistas na Península Arábica e na Ásia.
Shifter crê que os temas latino-americanos requereriam de Obama ainda mais "capital político que ele não está disposto a investir". Parte deste capital político foi gasto no início do mandato, quando Obama anunciou medidas para facilitar o envio de dinheiro para Cuba.
"Mas não estou seguro que Obama vá ser muito ousado e arriscado em relação a Cuba. Aprendemos que ele é bastante cuidadoso e não vai correr grandes riscos", crê o especialista.
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