"É vergonhoso", diz pai de Alice Brasil sobre conclusão de inquérito sem indiciamento

Nesta segunda-feira (13), os pais da criança Alice Brasil, a fotógrafa Dayana Brasil e o major Cláudio Sousa, concederam uma entrevista coletiva à imprensa, onde manifestaram indignação e descreveram como “vergonhoso” o inquérito policial que investigou a morte da criança dentro do Colégio CEV, em Teresina.

O major Cláudio Sousa iniciou sua fala questionando: “se fosse filho de uma autoridade será que seria tomada essa mesma sugestão de arquivamento sem indiciamento?”. Ele ressaltou que mesmo diante de fatos, de vários depoimentos a polícia opinou pelo não indiciamento.

Foto: Divulgação

Coletiva de imprensa com família de Alice Brasil

“Com profundo lamento que nossa família recebeu por parte da Delegacia de Proteção à Criança a conclusão do inquérito após dois meses de investigação, que sugeriu o arquivamento sem nenhum indiciamento. Para nossa família e para a sociedade, é vergonhoso um trabalho de mais de dois meses chegar em uma conclusão dessa diante de tantos fatos que foram mostrados para o Brasil interno. Todo mundo viu os absurdos que aconteceram dentro do Colégio CEV”, afirmou.

O pai da criança contestou também a ausência de indiciamento, tendo em vista que foram identificadas várias irregularidades durante a perícia, uma delas com relação a questão da penteadeira que atingiu a cabeça da criança.

“Ao findar o inquérito o delegado coloca o não indiciamento, sendo que no próprio relatório faz constar a questão do móvel com as dimensões incompatíveis com a Norma Mercosul, onde fala sobre os brinquedos presentes no ambiente escolar. O colégio também informou através de nota que tinha três profissionais no local, sendo que havia apenas uma cuidadora. E mesmo assim o delegado decidiu não contestar?”, questionou.

Cláudio Sousa ressaltou ainda que vai permanecer lutando por justiça. “Tenho que tirar forças de onde não tenho para que a memória da minha filha não seja maculada, não seja somente uma mera estatística, uma atipicidade”, declarou.

Emocionada, Dayana Brasil afirmou que seu filho presenciou toda a situação que levou a morte da irmã e por pouco também não foi atingido. A criança tem recebido apoio psicológico para superar o trauma.

“Meu filho estava presente na hora do acidente com a irmã, ele foi a única criança que viu todo acidente, por poucos centímetros ele também não foi atingido. Ele chegou a nos relatar o que viu e tem feito tratamento psicológico desde então. Depois do acidente ele foi retirado de sala e eu não sei qual foi o suporta dado a ele pois do acidente. Ele foi por volta de 4h da escola e nós pedidos as imagens sobre esse intervalo de tempo e a resposta da escola foi que não tem”, relatou.

A fotógrafa também comentou sobre negligência no atendimento adequado após o acidente. “Quando ela precisava de massagem cadiorrespiratória e precisava estar imobilizada, colocaram o casaco escolar no rosto dela para tirar de dentro da escola. Imagina uma criança acidentada que precisa de uma massagem cardiorrespiratória ter seu rosto abafado por um casaco, se ela tinha uma chance ali, eles retiraram a chance por falta de atendimento adequado”, explicou.

A mãe da criança destacou ainda que a conduta da cuidadora que estava na brinquedoteca reflete um despreparo institucional. “Nós nunca havíamos nos manifestado a respeito da cuidadora que estava em sala com as crianças. Ela é um reflexo da instituição, se ela se mostra uma pessoa despreparada, desatenta, que não sabe o que fazê-la não foi preparada para uma situação como essa. Ela reflete um despreparo institucional”, concluiu.

Relembre o caso

Alice Brasil morreu na tarde do dia 05 de agosto dentro das dependências no Colégio CEV, após ser atingida por uma penteadeira infantil dentro de uma sala de brinquedos.

De acordo com nota do colégio, uma das crianças que estava na mesma sala entrou por debaixo de uma penteadeira infantil e, ao se levantar, o imóvel tombou, atingindo a vítima.

Foto: Divulgação

Alice Brasil .

O CEV informou que Alice Brasil foi socorrida de forma imediata por uma enfermeira da escola e foi encaminhada ao posto do SAMU mais próximo da região. Apesar dos esforços, a criança não resistiu e veio a óbito.